Tinha uma vez escrito aqui que, sendo eu psicóloga, e gostando muito de ouvir histórias ds pessoas, queria iniciar uma rúbrica onde as pessoas me escrevessem a expôr situações, sobre as quais eu depois tentatria dar a minha opinião. Claro que nunca seria o mesmo que uma consulta de psicologia, uma vez que neste tipo de situações falta sempre muita coisa, mas seria uma tentativa de um olhar de alguém que tem uma formação em psicologia clínica, sobre uma situação.
E na altura recebi alguns emails. Mas todas as pessoas que me contactaram (não foram muitas) me pediram que não publicasse os textos no blogue. Respondi a todos, mas claro que, com o passar do tempo, a minha ideia foi sendo esquecida e deixei de receber contactos nesse sentido.
Até que há uns dias, por causa de um comentário que deixei no blogue da Poisoned Apple (e aproveito para dizer que tenho a autorização dela para esta rúbrica, uma vez que é parecida com o consultório, e eu não ando aqui a imitar ninguém), recebi um email a pedir a minha opinião. Respondi, perguntei à pessoa se podia publicar, e tendo o consentimento resolvi dar um novo empurraõ a esta rúbrica que quero mesmo implementar. Por isso quem tiver situações sobre as quais gostasse de ler uma opinião é só enviar um email para vidadeumagaija@gmail.com (a publicação no blogue não é obrigatória, mas é esse um dos objectivos, uma vez que a partilha de situações é boa). Aqui vai então a situação e a minha resposta.
Bom dia!!
Tudo bem consigo?!
Tomei a liberdade de lhe mandar um email, sou uma leitora assídua do blog “A Maça de Eva” e encontrei um comentário seu ao post “Consultório #85” e algo me chamou atenção ao seu comentário, não sei a razão, mas algo forte me fez mandar este email, desde já peço imensa desculpa pela minha ousadia.
Através desse comentário fiquei com a sensação que gosta de conversar e principalmente de dar conselhos e por esse motivo estou aqui a entrar em contacto consigo.
Nestes últimos tempos, mas precisamente 4 meses, conheci um rapaz e ando cheia de dúvidas e sobretudo ando a procura de respostas ou simplesmente de conselhos que me possam acalmar.Vou contar um pouco desta história e se não for pedir muito gostava de receber uma resposta, uma opinião sua.
Ando eu aqui com muita conversa mas ainda não me apresentei, sou a L. tenho 24 anos. =) Em Julho mais precisamente na festa de S. Pedro conheci um rapaz, e a conta disso tive uma sensação nunca antes sentida, por ser tão forte. Estava eu mais as minhas irmãs a nos dirigirmos até a capela quando alguém toca na minha irmã e a cumprimenta, era o tal rapaz, eles se conhecem porque ele frequenta o café onde a minha irmã trabalha. Minha irmã apresentou-nos e ficamos durante algum tempo a falar, eu fiquei fascinada com a forma dele falar, com a forma dele ser, com a forma dele. =) Não sei o que me aconteceu, senti algo muito forte, não digo que seja amor, pois não acredito em amor a primeira vista, mas acredito que uma energia estava a tomar conta de mim, isto nunca me tinha acontecido antes, por isso nem sei como descrever tal sensação.
A partir desse momento comecei a ser cliente habitual no café onde a minha irmã trabalha e a conta da minha atitude comecei a conhecer o rapaz. Eu as vezes considero-me um pouco “parva”, no bom sentido hehe, pois sou muito romântica e gostava de viver um conto de fadas, embora tal ainda não se proporcionou, talvez porque os contos de fadas não existam e assim ando a procura da história perfeita, da pessoa perfeita e isso não existe.
Bem, pensava eu… Sou um pouco como aquelas miúdas que têm a mania de fazer listas para encontrar o rapaz ideal, e vim encontra por acaso numa festa.Sei que neste momento de encanto não vemos defeito algum, mas com o passar do tempo tenho vindo a me fascinar cada dia mais com ele. Já me apaixonei antes e tal não acontecia, pois tinha consciência que eles tinham características menos boas.
Desde Setembro temos trocado mensagens todos os dias, temos saído juntos, temos nos aproximado tanto, mas tanto. Só que existe uns pequenos problemas, eu sou muito tímida nesta area e já notei que ele também o é, e acho que isso vai dificultar um pouco as coisas. Outro problema é que em Outubro foi diagnosticado a mãe dele cancro da mama e ela a semana passada começou em quimioterapia, é normal que neste momento a última coisa que ele queira pensar é em namoro ou algo do género, por exemplo esta semana ele está um pouco distante, não estou com intenções de apressar as coisas, não é a minha ideia, só que tenho receio de estar ao lado dele nesta caminhada e ele no final só me ver como amiga.
Eu me apego demasiado as pessoas, como já disse anteriormente sou uma romântica sem cura… hehe… E tenho medo de estar a idealizar algo com ele que não exista e estar a deixar passar uma oportunidade, simplesmente por estar distraída.Queria uma opinião de alguém de fora e por esse motivo estou a lhe escrever. Será que me pode ajudar?! Não sei o que está a pensar de mim, mas acredito muito em energias e destinos e se estou em contacto consigo isso deve ter alguma razão de ser, pois não é por acaso que as pessoas surgem na nossa vida, acredito que seremos umas grandes amigas "virtuais"... =)
Muito Obrigada pela sua compreensão e pela sua disponibilidade.
Beijinhos, L.
Olá L.,
Antes de mais, gostava de lhe perguntar se me permite que publique o seu email no meu blogue, claro que sem colocar nomes nem nada que a identifique. Uma vez falei que queria ter uma rúbrica no meu blogue que era muito ao género do Consultório, d'A Maçã de Eva, mas com uma perspectiva um bocadinho mais psicológica, e ninguém aderiu. Ainda tive dois ou três pedidos mas como nenhum me deixou publicar acabou por não ser possível.
Falando em concreto daquilo que me contou: o rapaz de quem me falou está a passar por uma fase complicada. E posso dizer-lhe que sei o quão complicada é porque passei pelo mesmo com a minha mãe. Mas não sei se isso seria impedimento para que ele lhe dissesse que gosta de si. É verdade que tem menos tempo e menos disponibilidade mental, mas também é verdade que tem muito mais necessidade de carinho e de alguém com quem falar e com quem estar, com quem se sinta bem, que aceite a presença incerta dele, que aceite o eventual mau humor e tristeza que ele sente.
O que é que eu lhe quero dizer com isto? Que não se afaste dele mas que também não pressione. Que tenha noção que esta é uma altura delicada mas uma altura em que ele precisa de todo o carinho que lhe possa dar. Que não deixe passar o momento por achar que ele tem mais em que pensar. Tem. Claro que tem. Mas também tem direito de sentir alguma felicidade, de perceber que tem quem goste dele e esteja lá para ele. Posso dizer-lhe que ainda hoje penso numa determinada situação da minha vida onde tive medo de falar.
O que é que pode perder? Uma boa oportunidade de ser feliz. E isso nós nunca devemos perder.
Por isso esteja com ele, prepare programas que não sejam muito longos e não o obriguem a estar longe de mãe, esteja presente e pergunte mas não seja chata (não pergunte sempre todos os dias a mesma coisa), mostre-lhe que gosta dele e que quer estar com ele.
Quanto ao que estou a pensar de si: ainda bem que me escreveu e desculpa só responder agora. Estou aqui sempre para a ler. Por isso quando quiser escreva.
Espero ter ajudado.
Beijinhos
Entretanto, a L. respondeu-me a disse-me que o rapaz em questão a tinha pedido em namoro, e que tinha feito tudo da forma a que L. desejava. E eu fico muito contente que isso tenha acontecido. Espero que sejam muito felizes juntos.
parabéns à L. e parabéns à nova rúbrica do blog!!
ResponderEliminarbeijinhos
Olá! Claro que podes "roubar" tudo que houver por lá para roubar!
ResponderEliminarMuitos beijinhos!