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domingo, 11 de outubro de 2009

Sobre tudo e sobre nada (Sobre as pessoas?)

Sou, tendencialmente, uma pessoa pacífica. Há uns tempos escrevi que tinha descoberto que procuro, sobretudo, a harmonia nas relações e é verdade. Sou, por isso, incapaz de fazer mal a alguém só por fazer. De ser antipática, desagradável e arrogante só porque sim. Porque me apetece. Porque é giro. Porque estou chateada e, à falta de um saco de boxe, deixa-me lá descarregar aqui nesta pessoa que está mais à mão.

Mas tenho-me vindo a aperceber que há muitas pessoas para quem isto é prática comum. Algumas fazem-nos em pessoas com quem não têm qualquer ligação, como, por exemplo quando estão ao volante. São as que buzinam freneticamente se a pessoa vai devagar, se não arranca imediatamente mal o sinal passa de vermelho a verde, se faz uma manobra menos lógica. Sem perceber e nem sequer se lembrarem que pode haver uma razão que justifique esse comportamento. Outras pessoas descarregam em pessoas que consideram inferiores a elas. São as que tratam mal empregados de café, balcão ou empregadas de limpeza. E outras ainda fazem-nos com pessoas que já foram importantes na suas vidas e deixaram de ser. Falo de ex-amigos/as, ex-namorados/as, ex-maridos/os. De repente, como esta pessoa já não me interessa, já não preciso de nada que venha dela, já posso ser desagradável com ela. Desconsiderando tudo aquilo que em tempos houve.

Quaquer um dos subtipos de pessoas me parece estar a canalizar a energia para o sítio errado. A fazer com que haja ruído onde nem sequer um "piu" devia existir. E, infelizmente, a mostrar o seu verdadeiro carácter.

Porque o nosso verdadeiro carácter não é só o que temos com as pessoas de quem gostamos, com aquelas que nos interessam, ou com quem nos preocupamos. Espelha-se também e, até arriscaria dizer, sobretudo, nas pessoas com quem não temos laços, que não nos podem prejudicar caso as destratemos, que não nos servem interesses. Porque com as outras temos algo a perder e aí o nosso egoísmo, mais do que o nosso carácter, leva-nos a agir da forma que nos trará mais benefícios. O que com as outras não acontece.

Quando eu era mais nova, bastante mais nova, achava sempre um exagero os maus carácteres das novelas, séries e filmes. Pensava que não haveria ninguém assim e até me costumava perguntar onde é que os autores se baseavam para criar tão excêntricas personagens. Hoje sei onde. No mundo real. E hoje, embora goste de manter uma certa ingenuidade e acreditar nas pessoas até me mostrarem que não o posso fazer (mas também se chegarmos a este ponto dificilmente volto a confiar, pois, embora perdoe não consigo esquecer com muita facilidade), já sei que sim, há pessoas que são más. Que não interessam a ninguém. Que são egoístas acima de tudo. Que são desagradáveis, independentemente das pessoas e das situações, mas sobretudo para quem não lhes interessa.

E eu tenho sempre uma enorme dificuldade em lidar com pessoas que têm duas ou mais caras, que me tratam bem a mim mas que tratam mal o vizinho, a empregada doméstica ou a menina da loja. A ex-namorada, alguém que foi amigo e já não é, o antigo colega de trabalho. Não só porque nas costas dos outros vejo as minhas mas porque para me relacionar com alguém preciso de sentir que posso confiar nessa pessoa. Preciso de gostar dessa pessoa. E para confiar e gostar preciso de saber que a pessoa é boa pessoa. Faz-me até alguma confusão relacionarmo-nos com alguém que sabemos ser sem sombra para dúvidas alguém pouco aconselhável. Pelo menos eu não Lembro-me sempre de um ditado que diz "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és". Mas isso se calhar sou apenas eu. É tão só a minha opinião. Que, como se costuma dizer por aí, vale o que vale.

2 comentários:

  1. Identifico me muito no que dizes sobre a confiança nas pessoas. E acabo por ser ao mesmo tempo desconfiada, incrédula e ingénua.
    Infelizmente as pessoas más existem sim. E andam por aí.
    Bjinhos
    Vicky

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  2. Gosto mt do teu blog e das tuas ideias, por isso o estou a seguir.
    Gostei mt também deste post, e estou de acordo.
    Há muita gente com uma falta de saber estar e bom senso incrível, egoístas, são eles/as os maiores sempre cheios de razão.
    Eu digo que quem passa a vida a reclamar, barafustar, etc. não está bem consigo próprio e outros revelam o seu mau instinto. Detesto pessoas assim!!

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