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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

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"O sentimento de nojo está a ser gradualmente substituído por um sentimento de pena. Olho com superioridade para esta lástima de ser humano, que não tem respeito nenhum pelos outros, mas sobretudo por ela própria. Um ser humano que teve ao lado dela alguém que sempre a tentou ajudar, mas que estoirou todas as oportunidades. [...] Olho intensamente para ela durante alguns segundos. Para aquele ser humano frágil, imperfeito, com quem eu tantas vezes tinha pensado ficar para o resto da minha vida. Já não era a minha Carolina, mas um caco de pessoa. Uma pessoa que precisava de se encontrar. Uma pessoa com quem eu não queria estar. Uma pessoa que só tinha feito mal à minha vida. Uma pessoa que me tinha sugado toda a alegria. Uma pessoa que precisava da energia dos outros para viver".

Francisco Salgueiro, Amei-te em Copacabana

Quando li isto, sem pensar muito, identifiquei-me. Com a diferença de que, no meu caso, o nome da pessoa em questão não é Carolina e o sexo não é feminino. E, hoje, não falo por raiva, nem despeito, nem inveja.A única coisa que sinto é pena. E indiferença. E sei que ele não é mais do que aquilo que aqui está descrito. É uma pessoa que inventa mentiras e vai vivendo nelas, enrolando os outros, até ser descoberto. E aí, muda de pessoa e reinicia o ciclo novamente. Mas deixando portas abertas às pessoas que ficaram lá atrás. Fazendo-lhes mal e sugando-lhes a energia de viver. Mas, no fim, o mais infeliz de todos é ele. Porque ele permanece nessa situação. E, as pessoas a quem faz mal, sofrem, mas, com o tempo, dão o passo em frente e libertam-se. Como foi o meu caso. Foi muito tempo. Mas acabou. E desta vez não o digo. Sinto-o.

3 comentários:

  1. Que bom, que bom e que bom para ti!
    O primeiro texto podia ter sido escrito por mim. Do segundo, o teu, espero um dia poder dizer o mesmo.

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  2. Eu meu percurso sempre foi amizade - amor-tentativa de amizade - raiva - nojo - pena.

    Quando se fica com raiva de alguém, segue-se o nojo pelas suas atitudes, um dia ficamos com pena, mas não aquela pena de querer ajudar, mas aquela pena de ignorar completamente a sua existência.

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  3. Pips, o primeiro texto, o que é um excerto do livro do Francisco Salgueiro ou o texto que faz parte do outro post sobre lhe ter dito que não tínhamos nada em comum? E, um dia, dirás. E irás dizê-lo com uma enorme espontaneidade, sem estar à espera. Irás ler ou ver algo e pensar: "afinal é isto que eu (não) sinto.
    Bruno Fehr: tens razão. Se bem que, apesar de ter utilizado aquele texto, eu não sinto pena. Sinto, apenas, indiferença. Se é que a indiferença se sente...

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