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domingo, 9 de dezembro de 2012

Esqueletos no Armário



Aos 30 (31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39) já não somos os mesmos que fomos aos 15, nem aos 20, nem aos 25. Porque já vivemos muito mais coisas, boas e más, que, inevitavelmente, nos deixaram marcas. A vida já passou por nós e deixou marcas, cicatrizes, coisas que ficam por mais tempo que passe.

Aos 30 já não temos a mesma inocência tínhamos aos 15, quando nos apaixonámos perdidamente pela primeira vez. Somos um bocadinho mais cínicos, mais cautelosos, porque já sabemos que estas coisas do coração e das relações às vezes não correm bem. E fazem doer.

Aos 30 já magoámos e já fomos magoados. Mesmo que sejamos as melhores pessoas do mundo, mesmo que nos preocupemos muito com os outros, mesmo que nunca o tenhamos feito de propósito, é inevitável. Todos magoamos e todos somos magoados.

Aos 30 temos bagagens emocionais, esqueletos no armário, que nos fazem ter medo de voltar a sofrer e fazer sofrer e nos fazem ser muito mais cautelosos e contidos quando conhecemos alguém que achamos que se calhar até vale a pena. Porque, no fundo, sabemos que leva muito tempo a conhecermos alguém. E que, muitas vezes (tantas!), as pessoas nos surpreendem pela negativa.

Eu, pessoalmente, tenho uma necessidade estúpida de sentir que controlo as coisas. E, por isso, custa-me imenso deixar-me ir. Custa-me dizer “gosto de estar contigo”, “gosto de ti”. É como se, a partir do momento que o dissesse, me tornasse vulnerável. O que é muito parvo, porque todos somos vulneráveis, todos somos frágeis e, reconhecê-lo, é uma das nossas maiores forças.

Mas, independentemente da forma como ajo, e contra a qual tento lutar, acho que não é ao sermos cuidadosos, cautelosos e contidos que as coisas funcionam. Porque, nisto das relações entre as pessoas, não é por sermos assim que vai correr melhor. Todas as relações têm problemas, em todas as relações as pessoas discutem, todas as pessoas magoam e são magoadas. Mas, algumas, até valem a pena. Quer resultem, quer não. E, por essas, vale a pena batermos mil vezes com a cabeça. Sofrermos. Magoarmos. Sermos magoados. Até encontrar alguém com que as coisas até correm bem. Com quem até faz sentido partilharmo-nos.

E, mesmo que tenhamos uma bagagem emocional pesada, mesmo que o nosso armário esteja cheio de esqueletos, vale a pena, por momentos, não pensar nisso, pousar a bagagem, fechar a porta ao armário, deixarmo-nos levar pela vida, pelas coisas boas que ela às vezes nos traz, ir ao sabor da corrente e saborear, simplesmente. Sem pensar muito. Sem grandes complicações. Até porque as coisas mais simples, aquelas em que não temos de pensar muito, e acontecem naturalmente, são as (que correm) melhores. 

2 comentários:

  1. Passei para desejar um santo e feliz natal, tudo de bom, beijinhos!!

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  2. Gostei bastante do post e fiz um antes de ler este muito semelhante.
    Após redigir o meu pesquisei no google e vim aqui ter :).
    Gostaria de seguir este blog melhor. Tem ou tens facebook ou twitter ?

    Cumprimentos

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