Aos 30 (31, 32, 33, 34,
35, 36, 37, 38, 39) já não somos os mesmos que fomos aos 15, nem aos 20, nem
aos 25. Porque já vivemos muito mais coisas, boas e más, que, inevitavelmente,
nos deixaram marcas. A vida já passou por nós e deixou marcas, cicatrizes, coisas
que ficam por mais tempo que passe.
Aos 30 já não temos a
mesma inocência tínhamos aos 15, quando nos apaixonámos perdidamente pela
primeira vez. Somos um bocadinho mais cínicos, mais cautelosos, porque já
sabemos que estas coisas do coração e das relações às vezes não correm bem. E
fazem doer.
Aos 30 já magoámos e já
fomos magoados. Mesmo que sejamos as melhores pessoas do mundo, mesmo que nos
preocupemos muito com os outros, mesmo que nunca o tenhamos feito de propósito,
é inevitável. Todos magoamos e todos somos magoados.
Aos 30 temos bagagens emocionais,
esqueletos no armário, que nos fazem ter medo de voltar a sofrer e fazer sofrer
e nos fazem ser muito mais cautelosos e contidos quando conhecemos alguém que
achamos que se calhar até vale a pena. Porque, no fundo, sabemos que leva muito
tempo a conhecermos alguém. E que, muitas vezes (tantas!), as pessoas nos surpreendem
pela negativa.
Eu, pessoalmente, tenho
uma necessidade estúpida de sentir que controlo as coisas. E, por isso,
custa-me imenso deixar-me ir. Custa-me dizer “gosto de estar contigo”, “gosto
de ti”. É como se, a partir do momento que o dissesse, me tornasse
vulnerável. O que é muito parvo, porque todos somos vulneráveis, todos somos frágeis
e, reconhecê-lo, é uma das nossas maiores forças.
Mas, independentemente da
forma como ajo, e contra a qual tento lutar, acho que não é ao sermos
cuidadosos, cautelosos e contidos que as coisas funcionam. Porque, nisto das
relações entre as pessoas, não é por sermos assim que vai correr melhor. Todas
as relações têm problemas, em todas as relações as pessoas discutem, todas as
pessoas magoam e são magoadas. Mas, algumas, até valem a pena. Quer resultem,
quer não. E, por essas, vale a pena batermos mil vezes com a cabeça. Sofrermos.
Magoarmos. Sermos magoados. Até encontrar alguém com que as coisas até correm
bem. Com quem até faz sentido partilharmo-nos.
E, mesmo que tenhamos uma
bagagem emocional pesada, mesmo que o nosso armário esteja cheio de esqueletos,
vale a pena, por momentos, não pensar nisso, pousar a bagagem, fechar a porta
ao armário, deixarmo-nos levar pela vida, pelas coisas boas que ela às vezes
nos traz, ir ao sabor da corrente e saborear, simplesmente. Sem pensar muito.
Sem grandes complicações. Até porque as coisas mais simples, aquelas em que não temos de pensar muito, e acontecem naturalmente, são as (que correm) melhores.
Passei para desejar um santo e feliz natal, tudo de bom, beijinhos!!
ResponderEliminarGostei bastante do post e fiz um antes de ler este muito semelhante.
ResponderEliminarApós redigir o meu pesquisei no google e vim aqui ter :).
Gostaria de seguir este blog melhor. Tem ou tens facebook ou twitter ?
Cumprimentos